Cardiologistas brasileiros estabelecem valores mais rígidos de colesterol ruim

As altas taxas de colesterol na população levaram a novas mudanças nos parâmetros usados pelos médicos para medir o problema.

A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) alterou valores de referência para colesterol e triglicérides, fechando o cerco dos limites considerados ideais. A mudança atinge principalmente o colesterol LDL, o “ruim”. Pacientes com risco cardíaco muito alto devem ter o índice abaixo de 50 miligramas por decilitro de sangue – antes, o ideal era de 70. Com a nova diretriz, o Brasil passa a ser o país mais rígido nesse parâmetro, segundo a SBC.

As mudanças foram publicadas em uma atualização da Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção de Aterosclerose. Na prática, os exames de colesterol agora vão indicar quais os valores de referência de acordo com o risco cardíaco dos pacientes.

“Quando uma pessoa que enfartou via que o valor ideal [de colesterol ruim] era abaixo de 160, nem voltava ao médico. Mas, para ele, a meta tem de ser mais baixa”, afirma o presidente do Departamento de Aterosclerose da SBC, André Faludi.

São enquadrados no grupo de pacientes de risco cardíaco muito alto, por exemplo, aqueles que tiveram enfarte, derrame ou amputação da perna por doença na artéria. Já no grupo de risco alto estão os diabéticos, explica Faludi. Para esses, o colesterol “ruim” deve estar abaixo de 70 miligramas por decilitro de sangue. Pessoas que não têm fatores de risco podem ter o índice de até 130 mg/DL.

A ideia é que os médicos se atentem a esses novos valores para indicar o tratamento mais adequado aos pacientes. Os laboratórios também devem mudar os índices de referência nos exames. Segundo Faludi, alguns estabelecimentos já aplicam a nova regra. “A primeira diretriz que reduziu os níveis de colesterol LDL para 50 é a do Brasil. Mas a Sociedade de Diabetes Europeia já reduziu para 55 nos pacientes diabéticos com doença cardiovascular. Existe uma tendência. Nos Estados Unidos, para o indivíduo que já teve fator de risco, o tratamento é para reduzir o colesterol o máximo possível.”

As novas regras mudam ainda o colesterol total: antes o valor considerado desejável era abaixo de 200 mg/dl – agora é de 190 mg/dl. Para Faludi, manter os índices de colesterol “ruim” baixos é benéfico para os pacientes. “Isso reduz o risco de enfarte e derrame”, diz.

Para facilitar a avaliação de médicos sobre o grupo de risco em que se enquadram os pacientes, a SBC lançou um aplicativo gratuito. A ferramenta permite que o profissional preencha dados como idade do paciente, doenças crônicas e eventos prévios como enfarte e Acidente Vascular Cerebral (AVC) para determinar em qual grupo de risco ele está – e, assim, conferir qual o valor de colesterol considerado ideal.

Hábitos

Para especialistas, o cerco maior ao colesterol deve levar a mudanças no estilo de vida dos pacientes de alto risco. “Diminuir gorduras saturadas e gorduras trans ajuda no tratamento”, diz Faludi, que ainda destaca a importância de exercícios físicos regulares.

O documento com as novas diretrizes aponta, por exemplo, que o consumo de uma a duas porções de soja está associado a uma redução de 5% no colesterol ruim. Também incentiva a inclusão de fibras na alimentação e a decisão de banir o cigarro.

Em casos mais graves, para chegar aos parâmetros, no entanto, os pacientes precisarão de remédios. “A medicação tem de ser usada em muitos casos, mas a primeira ação é a mudança de estilo de vida. Não é nosso objetivo que a população simplesmente tome mais remédio”, pondera o cardiologista do Hospital do Coração (HCor) Antonio Carlos Chagas.

Para o publicitário Raphael d’Ávila Borges, de 31 anos, a medicação foi inevitável. Ele se preocupou quando viu o resultado dos exames, que apontava triglicérides em 490 mg/dl e colesterol ruim acima de 200 mg/dl . Nem o HDL – considerado o colesterol “bom” – de Borges estava adequado.

“Fiz dieta por três a quatro meses, mas não adiantou. Então, comecei a tomar remédio e, provavelmente, vou tomar para a vida toda”, conta. O publicitário ainda tenta controlar os carboidratos e gorduras.

Para o coordenador de marketing Davi Junior, de 37 anos, que tem colesterol alto, controlar o problema exige atenção e disciplina. “Faço exames rotineiros a cada três meses, em média”, afirma. Para diminuir a dose de medicamentos, pratica natação e modera na alimentação.

“Meu colesterol é tão alto que se só parar de comer determinados alimentos não chega ao ponto necessário. Tenho sempre de seguir esse trio (alimentação, exercício e medicamento) para dar certo.”

Fonte: www.uol.com.br

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